O Túnel
ERNESTO SABATO
"em todo caso havia um só túnel, obscuro e solitário: o meu (…) E num desses trechos transparentes do muro de pedra eu divisara esta mulher e crera ingenuamente que vinha do outro túnel paralelo ao meu, quando na realidade pertencia ao imenso mundo, ao mundo sem limites dos que não vivem em túneis;"
"Na época em que eu tinha amigos, eles riram-se muitas vezes de minha mania de escolher sempre os caminhos mais tortuosos. Eu me pergunto: por que a realidade há de ser simples?"
ERNESTO SABATO
"Poderia calar os motivos que me levaram a escrever estas páginas de confissão, mas, como não tenho interesse em passar por excêntrico, contarei a verdade, de resto bastante simples: pensei que poderiam ser lidas por muita gente, já que agora sou célebre; e, embora não acalente muitas ilusões sobre a humanidade em geral e sobre os leitores destas páginas em particular, anima-me a débil esperança de que alguém, chegue a entender-me. Mesmo que seja uma única pessoa."
ERNESTO SABATO
"Mas imagine você um capitão que, a cada instante, fixa matematicamente a sua posição e segue sua rota até o objetivo com um rigor implacável. Porém não sabe por que vai até esse objetivo. Entende?"
ERNESTO SABATO
"Fazem-me rir esses senhores que surgem com a modéstia de Einstein ou outro semelhante; resposta: é fácil ser modesto quando se é célebre; quero dizer parecer modesto. Mesmo quando se imagina que não existe em absoluto, logo ela é descoberta, na sua forma mais sutil: a vaidade da modéstia!"
ERNESTO SABATO
"quando saímos do monte e surgiu-me ante os olhos o céu daquela praia, senti ser essa tristeza iniludível; era a mesma ante a beleza. Serão todos assim ou é mais um defeito da minha infortunada condição?"