A Trégua
MARIO BENEDETTI
"Uma coisa é evidente: se, por um lado, as atitudes extremas provocam entusiasmo, arrastam os outros, são indícios de vigor, por outro, as atitudes equilibradas são em geral incômodas, às vezes desagradáveis, e quase nunca parecem heróicas. Em geral, precisa-se de bastante coragem (um tipo muito especial de coragem) para manter-se em equilíbrio, mas não se pode evitar que aos outros isso pareça uma demonstração de covardia."
"Só me faltam seis meses e 28 dias para estar em condições de me aposentar. Deve fazer pelo menos cinco anos que mantenho este cômputo diário do meu saldo de trabalho. Na verdade, preciso tanto assim do ócio? Digo a mim mesmo que não, que não é do ócio que preciso, mas do direito a trabalhar no que eu quiser."
MARIO BENEDETTI
"É evidente que Deus me concedeu uma trégua. No início, resiti a acreditar que isso pudesse ser a felicidade. Resisti com todas as minhas forças, depois me dei por vencido e acreditei. Mas não era a felicidade, era só uma trégua."
MARIO BENEDETTI
"Nos primeiros tempos, eu não falava muito de Isabel, só porque me era doloroso. Agora, tampouco falo muito dela, porque tenho medo de me equivocar, de falar de outra pessoa que não tenha tido nada a ver com minha mulher."
MARIO BENEDETTI
"Era um bêbado estranho, com uma luz especial nos olhos. Segurou meu braço e disse, quase apoiando-se em mim: 'Sabe o que lhe acontece? Que você não vai a lugar nenhum.'"
MARIO BENEDETTI
"porque morreu é a palavra, morreu é o desmoronamento da vida, morreu vem de dentro, traz a verdadeira respiração da dor, morreu é o desespero, o nada frígido e total, o abismo puro e simples, o abismo."
MARIO BENEDETTI
"Então, comecei: "Sabe que a senhorita é a culpada de uma das crises mais importantes da minha vida?" Ela perguntou: "Econômicas?", e ainda ria. Respondi: "Não, sentimental", e ela ficou séria."
MARIO BENEDETTI
"Às vezes penso o que farei quando toda a minha vida for domingo. Quem sabe?"