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A Cachorra de Pilar Quintana
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A Cachorra

PILAR QUINTANA

"Como não tinha onde colocar a cachorra, a pôs contra o peito. Ela cabia em suas mãos, cheirava a leite e fazia com que sentisse uma vontade enorme de abraçá-la bem apertado e chorar."

"Pensou que ninguém nunca iria confundi-los com os donos. Eram uma cambada de negros pobres e mal-vestidos usando as coisas dos ricos. Uns insolentes era o que as pessoas pensariam, e Damaris queria morrer, porque, para ela, ser insolente era algo tão terrível ou descabido quanto o incesto ou um crime."

PILAR QUINTANA

"O mar seguia tranquilo como uma piscina infinita, mas Damaris não se deixou enganar. Ela sabia muito bem que se tratava do mesmo animal maligno que engolia e cuspia gente"

PILAR QUINTANA

"das punhaladas que sentia na alma cada vez que via uma mulher prenha, um recém-nascido ou um casal com uma criança, do suplício que era viver ansiando por um ser pequeno para embalá-lo em seu peito e ver que todos os meses lhe desciam as regras. Rogelio a ouviu sem dizer palavra e depois a abraçou."

PILAR QUINTANA

"Sentia que a vida era como a angra e que ela precisava atravessá-la caminhando com os pés enterrados no barro e a água até a cintura, sozinha, completamente só, em um corpo que não lhe dava filhos e só servia para quebrar coisas."

PILAR QUINTANA

"Tirava a cachorra da caixa e ficava com ela na escuridão, acarinhando-a, morta de susto por causa das explosões dos raios e da fúria do vendaval, sentindo-se diminuta, menor e menos importante no mundo do que grão de areia do mar, até qua a cachorra se aquietava."

PILAR QUINTANA

"Pôs-se a pensar nos Reyes, que em algum momento teriam que voltar, quem dera o fizessem em um dia como este e a encontrassem na casa grande em meio à jornada de limpeza, ela suada e suja em seu short de lycra curto e sua blusa de alcinhas de trabalho, para que percebessem que era uma trabalhadora de valor mesmo quando não lhe pagavam nem um peso, que era uma boa pessoa."

PILAR QUINTANA

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