Poema Qui se souviendra du pays de Guyane? pelo poeta Franco-Guianense Eugénie Rezaire.
Qui se souviendra du pays de Guyane? | Quem se lembrará do país da Guiana? |
L’Indien est mort d’avoir sevré notre enfance Et puis, Que faire qui ne soit Le respect de nous-mêmes, par nous-mêmes admis? Que dire, malgré les uns et les autres, Contre la morgue de l’étranger-roi, Et le rythme étrange d’une humanité déchue, A cause de barques négrières en délire? Nous ne serons que ce que nous voulons être, Par-delà nos tentatives à risquer calculés. Que ramener à nous, Insulaires sur un continent de civilisations échouées? J’ai mille pensées ancrées, arrimées à des parfums de violence. Que faire de tous ces objets Qui nous encombrent l’espace, et le devenir, Modernisés pour mieux détruire Enguirlandés pour mieux séduire, Multipliés pour mieux réduire? Que dire de ces vivats au colon Installé à Macouria ou à Mana en pleine savane? Que penser de l’administrateur du pillage, Économiquement ou culturel, Tortueux et avide? Que dire à ceux, Qui ne seront ni épargnés, ni sauvés, ni sauvés, ni même protégés Ou amnistiés, Parqués de l’île à la forêt, Traqués, puis cernés, Emmenés puis aliénés? Comment retarder la destruction prochaine, L’implantation factice d’espaces verts, La monté architecturale des prisons vitrées, L’isolement de l’enfant dans sa tour de béton armé Qui se souviendra du pays de Guyane, Victime des promesses, Et malade de son passé truqué? Qui donc se souviendra, petite sœur sauvage, Du pays de Guyane, Lorsque l’enfance matraquée des bourgs Ira s’enfoncer dans la folle idiotie Des concentrations de la ville? Qui se souviendra du pays de Guyane? | O indígena morreu por ter desmamado nossa infância E então, O que fazer a não ser O respeito a nós mesmos, por nós mesmos admitido? O que dizer, apesar de uns e de outros, Contra a arrogância do estrangeiro-rei, E o estranho ritmo de uma humanidade caída, Por causa dos batéis negreiros delirantes? Seremos apenas o que queremos ser, Para além de nossas tentativas de riscos calculados. O que trazer de volta para nós, Insulares em um continente de civilizações fracassadas? Tenho mil pensamentos ancorados, amarrados a perfumes de violência. O que fazer com todos esses objetos Que nos destroçam o espaço e o futuro Modernizados para melhor destruir Embelezados para melhor seduzir, Multiplicados para melhor reduzir? O que dizer desses vivas ao colono Instalado em Macouria ou em Mana no meio da savana? O que pensar do administrador da pilhagem, Econômico ou cultural, Tortuoso e ganancioso? O que dizer a esses, Quem não serão poupados, nem salvos, nem mesmo protegidos Ou anistiados, Deixados da ilha à floresta, Caçados, depois cercados, Levados então alienados? Como retardar a destruição vindoura, A implantação artificial de espaços verdes, A ascensão arquitetônica das prisões envidraçadas, O isolamento da criança em sua torre de concreto armado Quem se lembrará do país da Guiana, Vítima das promessas, E doente de seu passado capturado? Quem então se lembrará, irmãzinha selvagem, Do país da Guiana, Enquanto a infância maltratada das aldeias Vai se afundar na louca idiotice Das concentrações do lugarejo? Quem se lembrará do país da Guiana? |
De: Pirogue pour des temps à venir (1987)
Tradução de Josilene Pinheiro-Mariz. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/clt/article/view/206485
Sobre a Poetisa
Eugénie Rézaire (1950) é poeta, professora e ativista politica franco guianense. Nascida em Cayenne, ela é diretora da biblioteca Damas e da Associação Amigos de Léon Gontran Damas.
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