Para Lennon e McCartney

No fim dos anos 60, os músicos do Clube da Esquina (movimento musical de Minas Gerais) nos presentearam com poesia em forma de música.

Eles tinham um enorme talento e sabiam combinar diferentes ritmos com uma qualidade extraordinária, tão grande quanto as estrelas da música americana ou britânica da época. Eles eram fãs dos Beatles, mas nos anos 60 e 70, quem não era fã deles?

Nós sabemos sobre os Beatles,

mas eles sabem quem somos?

Essa pergunta ficou na minha cabeça enquanto ouvia a música que inspirou o nome desse desafio de leitura: Para Lennon e McCartney.

Tudo o que eu ouvia ali era: ei, vocês são Incríveis, mas se virarem um pouco para o lado direito, e eu não tenho medo ou timidez de falar isso, poderão ver que somos iguaizinhos.

Quantas coisas boas nós perdemos porque estamos com os olhos fixados em um ponto?

Ao ler esses livros e escrever aqui, meu objetivo é olhar ao redor. Quero ouvir outras vozes tão próximas de nós ao invés de olhar somente para o outro lado do oceano. Para além dos livros americanos e europeus que invadem o mercado de livros no mundo todo. Não é uma competição para ver quem é melhor. Mas um convite para ouvir a voz de nosso continente.

Essa música foi composta por Lô Borges, Márcio Borges e Fernando Brant. Ficou famosa na voz de Milton Nascimento. Segue abaixo a letra:

Porque vocês não sabem do lixo ocidental

Não precisam mais temer

Não precisam da solidão

Todo dia é dia de viver

Porque você não verá meu lado ocidental

Não precisa medo, não

Não precisa da timidez

Todo dia é dia de viver

Eu sou da América do Sul

Eu sei, vocês não vão saber

Mas agora sou cowboy

Sou do ouro, eu sou vocês

Sou do mundo, sou Minas Gerais

Fechando um ciclo, Sean Lennon (filho de John Lennon) diz ser um grande fã de Milton Nascimento. Seu pai mantinha em sua coleção vários discos de Milton.

A mensagem foi recebida. E continua ressoando por aí: