Não haveria melhor livro para começar. É um livro excelente e horrível. Uma escrita envolvente, mas cheia de gatilhos.
Eu poderia passar a vida tirando vários assuntos de Cem Anos de Solidão. É um microcosmo da condição humana demostrado em um texto sedutor.
O livro percorre cem anos da família Buendía, começando com o casal José Arcádio e Úrsula, primos que se casam, e a fundação e evolução de Macondo neste período.
Quando li que Macondo poderia ser em qualquer lugar da América Latina, acertaram em cheio. É Brasil sem o sê-lo. Onde o povo luta entre “liberal” e “conservador”, sem saber ao certo pelo que luta. Onde a população é esquecida, apagada, e sobrevive pela cegueira quase ingênua do empobrecimento e a ganância local e estrangeira.
É realmente a contradição existente em nós latinos. Conservadores e progressistas, sensuais e extremamente religiosos. De hipocrisia florescendo nas frestas do meio fio.
Da liberdade masculina ao cuidado excessivo da moral feminina. Da matriarca que é o ponto de conexão, união. Da realidade cruel, mesmo escondida debaixo da fantasia.
O tempo e a história são cíclicos. Os nomes, sentimentos humanos e íntimos também. Somos todos sós na hora de nossos aflições e na hora da morte, mesmo no meio de uma família imensa. E totalmente suscetíveis ao apagamento pelo tempo e a história.
SPOILER ALERT
Sobre o Autor:
Prêmio Nobel de Literatura, o colombiano Gabriel García Marquez foi jornalista e um dos grandes escritores do século XX. Conhecido também como Gabo, sua obra foi traduzida para mais de 36 idiomas. Seus livros alcançaram repercussão mundial nos décadas de 1960 e 1970 e refletiam a América Latina e a condição humana em geral, com tema especial sobre a solidão.
Outros livros: O amor em Tempos de Cóleras (1985), Relato de um Naufrago (1955), Crónicas de uma morte anunciada (1981), Do amor e outros demônios (1995), Memórias de Minhas Putas Tristes (2004)
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