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Textura de mármore
Foto do escritoriamfromsouthamerica

Candombe de Resistência - Cristina Rodriguez Cabral

Segue o poema Candombe de Resistência da poetisa e pesquisadora Uruguaia Cristina Rodriguez Cabral.


Candombe de Resistencia

Candombe de Resistência

Latina,

       hispana,

          sudamericana

    con sangre africana latiendo en mis venas,

    soy, ante todo,

    un ser humano;

    una mujer negra.


Mi abuela fue lavandera

y mi abuelo historiador.

Mi abuelo hablaba del racismo

y del deber de cada Negro

de mostrar, siempre de sí mismo,

lo mejor,

de dignificar su procedencia ancestral

de enorgullecerse de su acervo cultural.

Los vecinos del barrio, familiares

y amigos,

decían que el abuelo estaba loco

por leer tantos libros.



La abuela de mi abuelo

de niña fue esclava;

dijo que su hijo

sería la última generación esclava

en la familia,

y en el Uruguay.

Luego...

le regaló su primer libro

sembró la primera flor.

La tatarabuela flameaba en su sangre

la bandera libertaria;

ella dijo que sus hijos

serían libertados,

principalmente,

de la ignorancia.

Y así…

el jardín resurgió.

El abuelo mamó

su noción de libertad,

así como

heredó su pobreza

y el compromiso

genealógico

de ser cada día mejor.


Mi bisabuela no se equivocó

al decir que seríamos libres,

sobre todo de la ignorancia;

el abuelo tampoco se equivocó

al pensar que aceptaríamos

nuestra africanidad uruguaya

y la dignificaríamos.


Mi madre no heredó

esa loca pasión por los libros,

así como tampoco vaciló

en curvar su espalda

lavando pisos

para poder pagarme

la mejor educación posible.


Ella se dijo a sí misma

“fertilizaré la tierra

para que crezca la flor”.

Y así se convirtió

en una gran dama

de manos callosas

y mirada tierna.


De ahí he surgido yo,

navegando libros,

    mares,

y penas;

otro eslabón

que se suma a la cadena.

Queriendo cumplir

la promesa de la bisabuela,

y guardando la sabiduría del abuelo

en mi pecho

    y en mi conciencia.

Hija de Ogún,

    águila

       mujer

          guerrera.


Mi hija es también otra guerrera,

bebe a diario del bagaje cultural

          ancestral

y genealógico

de intentar ser cada día mejor.

Tal vez, tan solo

a contar esta historia

he llegado yo al mundo,

en este tiempo

y derribando fronteras;

desde el lado sur del continente

donde las sombras se extienden

pretendiendo invisibilizar

nuestra presencia.

Soy una negra uruguaya,

parida en la América Mestiza

con sangre Africana templando

el tambor de mis venas.

Latina, Hispana, Sudamericana

qué más da.

Soy ante todo

un ser Humano,

una Mujer Negra.


(De Memoria y resistencia, 2004: 17-20)

Latina,

       hispana,

          sulamericana

    com sangue africano batendo em minhas veias,

    sou, antes de tudo,

    um ser humano;

    uma mulher negra.


Minha avó foi lavandeira

e meu avô historiador.

Meu avô falava de racismo

e do dever de cada Negro

de mostrar, sempre de si mesmo,

o melhor,

de dignificar sua procedência ancestral

de orgulhar-se de seu acervo cultural.

Os vizinhos do bairro, familiares

e amigos,

diziam que o avô estava louco

por ler tantos livros.



A avó de meu avô

desde de menina foi escrava;

disse que seu filho

sería a última geração escrava

na família,

e no Uruguai.

Logo...

presenteou-o seu primeiro livro

semeou a primeira flor.

A tataravó flamulava em seu sangue

a bandeira libertária;

ela disse que seus filhos

seriam libertados,

principalmente,

da ignorância.

E assim…

o jardim ressurgiu.

O avô bebeu

sua noção de liberdade,

assim como

herdou sua pobreza

e o compromisso

genealógico

de ser cada dia melhor.


Minha bisavó não se equivocou

ao dizer que seriamos livres,

de toda a ignorância;

o avô também não se equivocou

ao pensar que aceitaríamos

nostra africanidade uruguaia

e a dignificaríamos.


Minha mãe não herdou

essa louca paixão pelos livros,

assim como tampouco vacilou

em curvar suas costas

lavando pisos

para poder pagar-me

a melhor educação possível.


Ela disse a si mesma

“fertilizarei a terra

para que cresça a flor”.

E assim se converteu

em uma grande dama

de mãos calosas

e olhar terno.


Daí surgiu eu,

navegando livros,

    mares,

e penas;

outro elo

que se soma a corrente.

Querendo cumprir

a promesa da bisavó,

e guardando a sabedoria do avô

em meu peito

    e em minha consciência.

Filha de Ogum,

    águia

       mulher

          guerreira.


Minha filha é também outra guerreira,

bebe diariamente da bagagem cultural

          ancestral

e genealógica

de tentar ser cada dia melhor.

Talvez, só de

contar esta historia

cheguei ao mundo,

neste tempo

e derrubando fronteiras;

desde o lado sul do continente

de onde as sombras se estendem

pretendendo invisibilizar

nostra presença.

Sou uma negra uruguaia,

parida na América Mestiça

com sangre Africano esquentando

o tambor de minhas veias.

Latina, Hispana, Sulamericana

que mas da.

Sou antes tudo

um ser Humano,

uma Mulher Negra.


(De Memoria y resistencia, 2004: 17-20)


*Note: Versão em Português ´e uma traduçao livre o texto em Espanhol.

**Todos os direitos reservado a autora Cristina Rodriguez Cabral

 
Cristina Rodriguez Cabral, escritora Uruguaia, poetisas sulamericanas negras
Sobre a Poetisa

Cristina Rodríguez Cabral (1959) é um poetisa e professora uruguaia. Autora de livros de poesia e não-ficção e dedicada aos estudos acadêmicos, tem como temática de sua obra a Diáspora Africana no Uruguai e a perspectiva das Mulheres Afro-Latino-Americanas, mostrando a resistência às opressões de raça e gênero.

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