Cem Anos de Solidão
GABRIEL GARCÍA MARQUÉZ
"Muitos anos depois, diante do pelotão de fuzilamento, o coronel Aureliano Buendía havia de recordar aquela tarde remota em que seu pai o levou para conhecer o gelo."
"— O que é que ele diz? — perguntou.
— Está muito triste — Úrsula respondeu — porque acha que você vai morrer.
— Diga a ele — sorriu o coronel — que não se morre quando se deve, mas
quando se pode."
GABRIEL GARCÍA MÁRQUEZ
"Foi então que entendeu as borboletas amarelas que precediam as aparições de Mauricio Babilonia. Vira-as antes, sobretudo na oficina mecânica, e pensara que estavam fascinadas pelo cheiro da pintura. Alguma vez tê-las-ia sentido voejar sobre a sua cabeça -na penumbra do cinema. Mas quando Mauricio Babilonia começou a persegui-la como um espectro que só ela identificava na multidão, compreendeu que as borboletas amarelas tinham alguma coisa que ver com ele. Mauricio Babilonia estava sempre na platéia dos concertos, no cinema, na missa, e ela não necessitava vê-lo para descobri-lo, porque o indicavam as borboletas"
GABRIEL GARCÍA MÁRQUEZ
"No dia seguinte, no entanto, ele voltou para a casa barbeado e limpo, com o bigode perfumado com água de açuce e sem tipoia ensanguentada. Levava para ela um breviário com capa de nácar.
- Que estranho são os homens - disse ela, porque não encontrou outra coisa para dizer: - Passam a vida lutando contra os padres e dão livros de orações de presente."