Vinte Poemas de Amor e Uma Canção Desesperada
PABLO NERUDA
"Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Escrever, por exemplo: "A noite está estrelada,
e tiritam, azuis, os astros lá ao longe".
O vento da noite gira no céu e canta.
Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Eu amei-a e por vezes ela também me amou.
Em noites como esta tive-a em meus braços.
Beijei-a tantas vezes sob o céu infinito.
Ela amou-me, por vezes eu também a amava.
Como não ter amado os seus grandes olhos fixos."
"Com ninguém te pareces desde que eu te amo.
Deixa-me estender-te entre grinaldas amarelas.
Quem escreve o teu nome com letras de fumo
entre as estrelas do sul?
Ah, deixa-me lembrar como eras então,
quando ainda não existias."
PABLO NERUDA
"Abelha branca zumbe - ébria de mel - em minha alma
e te torces em lentas espirais de fumaça.
Sou o desesperado, a palavra sem ecos,
o que perdeu tudo, e o que tudo o teve."
PABLO NERUDA
"Então, aonde se encontrava?
Entre quais pessoas?
Falando quais palavras?
Por que me chega todo este amor de um golpe
quando me sinto triste, e te sinto longe?